Histórico

Dona Paulina de Souza Queiroz nasceu em São Paulo em 19 de Julho de 1859 e faleceu em São Paulo em 09 de Novembro de 1936. Está enterrada no Cemitério da Consolação, Rua Oito, sepultura 38 do lado direito. Casou em 15.07.1879 com o Dr. Júlio Benedicto Ottoni. Não tiveram filhos. Seu casamento foi anulado por decreto papal.

Dona Paulina é filha de Vicente de Souza Queiroz, Barão de Limeira e Vereador da Câmara Municipal de São Paulo e de Francisca de Paula Sousa, (1) “A Baronesa de Limeira”, donos de grande extensão de terras conhecida como “Chácara do Barão de Limeira” que juntamente com outras áreas pertencentes a tradicionais famílias paulistanas, deram origem aos atuais bairros do centro e adjacências.

escudo-barao

Escudo do Barão de Limeira: Escudo esquartelado, no primeiro quadrado com as armas dos Souza do Prado, tendo no primeiro e quarto quadrados as Quinas de Portugal sem a orla dos castelos e no segundo e terceiro, as armas de Leão: em campo de prata um leão rompente de vermelho; no segundo quartel as armas dos Macedo, que são: em campo azul cinco estrelas de ouro de cinco pontas, no terceiro as armas dos Teixeira que são: em campo azul uma cruz de ouro potente e vazia do campo; no quarto quartel as armas dos Queiroz, que são esquarteladas, o primeiro de ouro, com seis crescentes de lua vermelho, em duas palas, o segundo de prata com um leão púrpura e assim os contrários. Timbre: dos Souza do Prado, um leão rompente de ouro e vermelho com uma grinalda florida de verde e por diferença uma brica encarnada com um farpão de ouro. (Brasão passado a 5 de janeiro de 1818. Registrado no Cartório da Nobreza do Império, Livro 1, fls.80). O Brasão* usado pelos Limeira e Souza Queiroz foi concedido a 5 de janeiro de 1818, por D. João VI (ver abaixo a explicação) ao brigadeiro Luiz Antonio de Souza e foi usado pelo Limeira com coroa de Barão após concessão do Imperador Pedro II a 1º de fevereiro de 1867 e, depois de sua morte, pelo Souza Queiroz com coroa de Conde por ter obtido a 14 de outubro de 1874 título de Barão com Grandeza, por concessão do Imperador Pedro II.(2)

Seus pais tiveram 15 filhos:

1º Genebra, 2º Francisca Miquelina, 3º Vicente, 4º Maria Olésia, 5º Luiz Vicente (3), 6º Ângela, 7º Francisco, 8º Paulo, 9º Alice, 10º Carolina, 11º Paulina, 12º Antonio Vicente, 13º Fernão, 14º Teobaldo, 15º José Vicente.

 

(1) Francisca de Paula Souza e Mello era prima de seu pai, filha do Conselheiro e Senador Francisco de Paula Souza e Mello e de Maria de Barros que era filha do 1º Barão de Piracicaba, tio do Barão de Limeira por ser irmão de Genebra de Barros Leite.

(2) (texto por genealogia história, Aníbal Fernandes de Almeida).

(3)Luiz Vicente de Souza Queiroz, irmão de Paulina foi fundador do ESALQ em Piracicaba.

 

 

Dona Paulina de Souza Queiroz era neta paterna do Brigadeiro Luiz Antonio de Souza (fidalgo com brasão de armas) e de Genebra de Barros Leite pelo lado materno,era neta do Conselheiro Francisco de Paula Sousa e Mello e Maria de Barros Leite ( filha do capitão Antonio de Barros Penteado e de Maria de Paula Souza) e sobrinha do Barão de Tatuí, Francisco Xavier Paes de Barros, trisavô de Tiffany.

 

O Barão de Limeira quando Vereador da Câmara Municipal da Cidade de São Paulo realizou importantes melhoramentos que muito contribuíram para o desenvolvimento desta capital. Foi nomeado em 1850, Presidente da Província de São Paulo, cargo este que recusou. Durante a guerra do Paraguai ofereceu ao governo armas para os soldados.

 

As terras da Chácara do Barão de Limeira advêm da aquisição feita pelo Comendador Vicente de Souza Queiroz em 1847 dos Frades do Convento de São Francisco, quando os mesmos dali se retiraram, cedendo maior espaço à Academia de Direito. Esta aquisição se encontra historiada no livreto “Os Franciscanos em São Paulo” – Apontamentos históricos, oferecido por ocasião do 275º aniversário do estabelecimento de uma comunidade religiosa franciscana na cidade de São Paulo – Typ -“Vozes de Petrópolis” – Petrópolis – 1915 – no capitulo IV – “O Convento cedido para Faculdade de Direito.”

 

O Barão de Limeira, enquanto vereador, cedeu terrenos de sua propriedade para abertura de ruas necessárias naquela época que deram origem ao bairro Bexiga. Logo depois foi aberta, e com o patrocínio da Baronesa de Limeira, uma grande avenida que se denominou Avenida Brigadeiro Luís Antonio, com várias ruas adjacentes, isto em 14 de maio de 1894, em homenagem ao avô paterno de D. Paulina, o Brigadeiro Luís Antônio de Souza Queiroz. A propriedade de D. Paulina se manteve íntegra até os anos trinta. Para homenageá-la, foi traçado em suas terras o Viaduto Dona Paulina, inaugurado em 1948.

 

Essa propriedade adquirida por Vicente de Souza Queiroz em 1837, foi no valor de 3.050$000 e tinha uma área de 10.701 metros quadrados

 

O título de Barão de Limeira foi concedido ao seu pai em 05.01.1818, por D. João VI e foi usado pelo Barão de Limeira com coroa de Barão após concessão do Imperador Pedro II em 1/2/1867. Depois de sua morte, o brasão foi usado também pelo Barão de Souza Queiroz (Francisco Antonio de Souza Queiros, irmão de Vicente e tio de Dona Paulina) com coroa de Conde por ter obtido a 14/10/1874 título de Barão com Grandeza, por concessão do Imperador Pedro II.

 

Em 6 de outubro de 1912 foi oficializada a Cruz Vermelha de São Paulo que recebeu apoio do governo do estado e da elite paulistana. A presidência honorária coube a Dona Paulina de Souza Queiroz e Rodrigues Alves; neste mesmo ano foi fundada a Escola de Enfermagem, tendo como uma das primeiras formandas Anita Krug Malfatti, pintora.

A Sra. Andrezina da Silva Barros, foi dama de companhia da Dona Paulina de Souza Queiros, e sempre estavam viajando para França e Suíça, pois Dona Paulina possuía casa em Paris e casa em Berna na Suíça.

Um fato interessante aconteceu numa dessas viagens para a Europa: ao passarem por Paris a caminho da Suíça, encontraram duas alunas brasileiras que estavam estudando em Paris. Dona Paulina as convidou para irem para Suíça, pois as mesmas estavam de férias escolares. Foram para Suíça e se hospedaram em sua casa todo o tempo das férias. Essas duas estudantes se tornaram artistas famosas, pois eram Bidú Sayão e Guiomar Novaes!

 

No testamento deixado por Dona Paulina pode se ler que ela viveu alguns anos em São Paulo com a sua prima de terceiro grau, Andrezina da Silva Barros. (Andrezina foi filha de Anna Leopoldina Lopes de Oliveira (da Silva Guimaraes) e de Raphael irmão do Barão de Tatuí Francisco Xavier Paes de Barros, este último trisavô de Tiffany.

 

Seus bens deixados foram distribuídos para os parentes próximos e aos mais humildes serviçais de sua casa, além das instituições ás crianças desamparadas.

 

Era uma grande faixa de terra toda plantada com um grande pomar que ela faz menção no seu testamento pedindo para que as árvores não fossem cortadas para não espantar os pássaros. Uma mulher de grande valor e muito adiantada para o seu tempo!

 

Dona Paulina estabeleceu em seu testamento: “…Para patrimônio de uma fundação que instituo sob a denominação de Escola Maternal para Débeis, deixo a casa de minha residência, a Avenida Brigadeiro Luiz Antonio número 5,nesta Capital, com frente para dita Avenida, confinando com os fundos dos prédios da Rua Riachuelo, da Rua Rodrigo Silva, da Rua da Assembléia, da Rua Asdrúbal do Nascimento, da mesma Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, tendo a chácara uma área de dois alqueires mais ou menos, em diversos planos acidentados, toda arborizada com árvores frutíferas, pequeníssimo cafezal e árvores de ornamentação e canteiros de flores com outras benfeitorias…”

 A benemérita senhora deixa seus bens segundo consta também em testamento: “… para alcançar o objetivo deste legado o qual é combater a debilidade infantil (4) das crianças anormais, tornando, assim, embora débeis (4), mas ainda curáveis, igualar com o tempo as outras crianças da mesma idade e úteis à coletividade…” Quanto à maneira de administrar os bens, encontramos as seguintes referências: “… sob a vigilância do Exmo. Juiz de Menores ao qual rogo aceitar esta incumbência, propondo a direção o Diretor da Instrução Pública de São Paulo, que organizará, nessas condições, a educação de crianças reconhecidamente “débeis…” (4)” … o Exmo Juiz de Menores poderá, se julgar de bom aviso, nomear um Conselho Diretor para alcançar o objetivo desse legado, o qual é combater a debilidade infantil…” Encontramos ainda no referido testamento, alguns aspectos relacionados às condições que a doação se efetivava:“1º- o prédio e seu terreno atual serão inalienáveis, incomunicáveis e impenhoráveis,” “2º- com a referida Fundação ficará o Exmo. Juiz de Menores obrigado, sob pena de caducar o legado, a exigir da direção da Instrução Pública a conservar intacto todo o terreno adjacente, sem a parcelar ou alienar, bem como toda arborização que deverá ser conservada, melhorada, replantadas as árvores quando preciso for, de modo a manter-se quanto possível o aspecto atual da chácara e esta disposição é irrevogável, podendo o prédio ser modificado, ampliado ou reconstruído, se preciso for, sem prejuízo do aspecto geral que existe…”… manter-se-á o maior carinho para com os pássaros que procurarem a chácara para sua moradia, não se admitindo que sejam molestados, até pelo contrário, facilitando-se a sua manutenção…” (4) Nomenclatura usada na época. Atualmente Deficiência Intelectual. “… dependurados nas paredes desse prédio ficarão retratos da família que desejo sejam zelados, respeitados, sob a guarda de pessoal de responsabilidade moral…”  Quanto à extinção a ilustre senhora, em seu testamento, procura destinar seus bens, no caso das condições descritas não serem devidamente observadas: “.Caducado esse legado por falta de cumprimento de todas clausula, será beneficiada a Sociedade Feminina de Puericultura – Gotas de Leite e Creches…” O Governo Estadual, através do Decreto 10356 de 21/6/1938 -lei nº 10.356, declarou o imóvel de Utilidade Pública e suscetível de desapropriação como necessário à construção de edifícios públicos destinados ao serviço social, à educação ou à higiene, esta área foi avaliada em Cr$ 7.000.000,00, mas expropriada por CR$ 3.181.540,50, sendo que não foi paga em dinheiro, e sim em título da dívida pública somente entregue em fevereiro de 1947, ou seja, 8 anos após. Foi graças à benemérita assistência Vicentina aos Mendigos que a escola não cerrou suas portas. Depois de alguns anos, a Fundação resolveu se instalar novamente, se bem que de maneira muito mal. No início, a administração ficou a cargo do Conselho Consultivo do Departamento de Assistência Social, que cessou suas atividades em 1950.

 

A entidade foi oficialmente inaugurada em 19 de julho de 1939 e as primeiras crianças matriculadas eram do sexo masculino em número de vinte, com idade variável entre 4 e 12 anos, procedentes do Serviço Social de Menores. Na década de trinta, por meio de Decreto de nº 9.966 de 31/1/39, foi criado pelo então governador Dr. Ademar de Barros a Escola Maternal para Débeis na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio 57, sendo esta dirigida nesta época pelas irmãs Filhas de Nossa Senhora da Misericórdia, tendo como fundadora a Madre Josefa Rosselo. Em 1º de julho de 1939, a direção interna foi entregue à Irmandade Nossa Senhora de Misericórdia.

Em 6 de novembro de 1939, foi comemorado na referida capela o 1º aniversário da beatificação da Madre Josefa que sempre trabalhou em prol da educação dos pobres e abandonados

 Nos anos 30 e 40, a quantidade maior de instituições privadas de atendimento de deficientes incidia na área das deficiências mentais e visuais. Com relação ao deficiente mental , surgiram as sociedades Pestalozzi de Minas Gerais (Belo Horizonte, 1932), do Brasil (Rio de Janeiro, 1945), do Estado do Rio de Janeiro (Niterói, 1948) e a Fundação Dona Paulina de Souza Queiroz, em São Paulo, em 31 de janeiro de 1939, pelo Decreto nº 9.966. Em 1940, a Fundação foi instalada em pavilhões recém construídos do Asilo para Velhos de Bussocaba, pertencente à Assistência Vicentina, ficando neste local até 1949 aproximadamente, devido à desapropriação da casa. Em 5 de novembro de 1948, a senhora Perola Bayngton foi eleita para o cargo de Presidente da Fundação.

Em 1949, a entidade se transferiu para a Chácara Barual nos altos do Bairro de Santana, na Capital de São Paulo, Após dois anos, foi transferida para a Rua Padre João Manuel, onde permaneceram até fins de 1952.

 

Em 1950, as religiosas da Irmandade de Nossa Senhora de Misericórdia deixaram de prestar serviços à Fundação.

 

Em 26 de Junho de 1950 a Escola recebeu Benção Papal (Papa Pio XI)

No início de 1953, aproximadamente a Fundação foi transferida para a Rua Tamandaré 376, no bairro da Liberdade, em prédio alugado e nesta época a Fundação contava com 37 menores do sexo masculino e a Fundação tinha muita dificuldade financeira.

 

A partir de 1955, a presidência passou para as mãos do Dr. Luiz Rodrigues Alves.

 

Em 17 de julho de 1956, tomou posse do cargo de Juiz de menores o eminente magistrado Dr. Aldo de Assis Dias e este nomeou como interventor junto à obra o Dr. Mario Altenfelder Silva. Ao final de seu trabalho em 1957, entregou relatório das condições em que se achava a Fundação, com sérios problemas financeiros e em situação precária: professor sem receber salário, fornecedores que não queriam mais abastecer a escola e a dívida somava duzentos e quarenta e três cruzeiros.

 

Em 1956, Dr. Mario Altenfelder, como em São Paulo não havia pessoas especializadas na área da deficiência mental, trouxe de Minas Gerais as Sras. Aida Pires e Custódia de Carvalho. Nesta época, havia na Fundação 37 meninos internados e a situação financeira desta Fundação não era boa. Quem muito ajudou foi o Profº Carvalho Pinto.

 

O Profº Carvalho Pinto colaborou muito mandando pagar todos atrasados, pois se não fossem resolvidos estas dificuldades esta fundação poderia perecer.

 

A Fundação deveria ter um órgão diretivo, e assim foi constituído o primeiro Conselho Diretor da Fundação Dona Paulina de Souza Queiroz em 6 de dezembro de 1957, constituído por:

 

Dr. Cristiano Altenfelder Silva

Dr. Constantino de Campos Fraga

Dr. Francisco Moreira Leão

Drª. C.Pacheco e Silva Filho

  1. Carlota Malta Cardoso

Dr. Honório de Sylos

Dr. João Di Pietro

  1. Odila Cintra Ferreira
  2. Pérola Byinton

Dr. Mario Altenfelder Silva

Cap. João Batista Monteiro

 

Nesta época, alguns alunos foram transferidos para a Pestalozzi e alguns para o Instituto Batatais.

 

E em 3 de fevereiro de 1958, iniciou-se a atuação desta Fundação, voltada a atenção aos Estatutos que deveriam ser estudados e reformulados para atender oficialmente os objetivos da Fundação. Dr. Aldo de Assis Dias sugeriu várias modificações no estatuto, fazendo um histórico da história da Fundação, desde seu testamento quando esta deixou um patrimônio considerável e que naquele momento estava muito reduzido, lembrando da necessidade urgente de decisão judicial para indenização, pela expropriação sofrida em seu patrimônio.

 

E a 1ª diretoria executiva foi eleita em 18 de março de 1958 como segue:

Dr. Mario Altenfelder Silva – Presidente

Dr. Honório de Sylos – Secretário

Dr. Constantino de Campos Fraga – 1º Tesoureiro

Dr. Francisco Moreira Leão – 2º Tesoureiro

 

Em reunião de 18 de março de 1958, ficou acertado a mudança em estatuto de “Fundação Escola Maternal para Débeis” para “Fundação Dona Paulina de Souza Queiroz”. Nesta época, o patrimônio dessa Fundação era de dezoito mil cruzeiros e foi informado que havia sido deixada uma quantia bem maior que foi reduzida por um regime inflacionário e que haveria necessidade de sentença judicial ou acordo com o governo de São Paulo para que a Fundação fosse indenizada por esta expropriação sofrida em seu patrimônio. Ficaram com trezentos mil cruzeiros e a casa que valeria nessa época seiscentos mil cruzeiros.

 

Nesta época também foi entregue a Fundação para o Presidente do Conselho Juiz Aldo Assis Dias, esperando que este digno Juiz passasse a corrigir todos os erros, pois na época da desapropriação não foram ouvidos o Curador de resíduos, nem o Juiz de Menores.

 

Uma das primeiras providências desta diretoria foi a de reivindicar junto ao Governo do Estado de São Paulo e à Prefeitura do Estado a reparação pelos prejuízos sofridos pela desapropriação e a necessidade de aquisição de um imóvel onde a obra pudesse ser instalada definitivamente, pois as instalações em que se encontravam eram pequenas e o proprietário solicitou o prédio.

 

Em fins de 1960, após empenho do M. Juiz e do Conselho Diretor foi liberada verba de CR$8.000.000,00 pelo Fundo de Assistência do Menor, para a aquisição de um prédio para ser a sede própria da Fundação.

 

Logo após, os meninos foram transferidos para a Escola Pestalozzi e a Fundação passou a receber somente meninas débeis mentais (termo usado na época).

 

Após vários estudos e visitas a vários prédios, foi adquirido o imóvel com 1500 m2, sendo 400 m2 de área construída situado na Avenida Conselheiro Rodrigues Alves 2436 (5) no bairro do Brooklin Paulista, que valeria na época CR$ 50.000.000,00.

 

Em reunião de 16 de fevereiro de 1962, foi salientada a auspiciosa aquisição do imóvel da Av. Rodrigues Alves (5)e na ocasião receberam a ajuda em numerário para reforma.

 

A referida casa foi adquirida pelo valor de sete milhões e trezentos mil cruzeiros sendo que na época a Fundação recebeu o auxílio de oito milhões de cruzeiros do Fundo de Assistência ao Menor.

 

A casa foi oficialmente inaugurada no dia 21 de junho de 1964 , dia do nascimento da Sra. Paulina, quando também da inauguração do retrato de Dona Paulina, feita por D. Leonor Mendes de Barros, primeira dama paulista na época, com o Dr. Alcides da Silveira Faro, desembargador do Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo, com o Dr. Aldo de Assis Dias M., Juiz Titular da Vara dos Menores da Comarca da Capital e o desembargador Joaquim de Sylos Cintra.

 

(5) Atual Avenida Vereador José Diniz.

 

 

Houve na ocasião a benção por sua Revmo. D. Paulo Rolim Loureiro.

 

Nessa época, a finalidade da Fundação era a de proporcionar ao menor excepcional, deficiente mental em grau educável, o desenvolvimento e formação da personalidade e sua integração ao meio familiar e social e que, por força do testamento de Dona Paulina, a Fundação teria a vigilância do Juiz Titular da Vara de Menores da Comarca da Capital.

 

O atendimento nesta época se destinava a crianças com idade de 7 a 12 anos do sexo feminino com QI de 60 a 85 e que não apresentassem distúrbios neuropsíquicos graves, e defeitos físicos.

 

Nesta época, a Sra. Maria Litjens (Sra Ria como ficou conhecida e atualmente residindo na Holanda seu país de origem) era técnica na Pestalozzi e prestou valioso auxílio. Sugeriu, devido às dificuldades financeiras da Fundação, que essa entrasse em contato com a Fundação Rockefeler que costumava ajudar outras instituições.

 

A escola da Fundação tinha internadas na época 36 meninas de 7 a 12 anos.

 

Em reunião de 22 de abril de 1965 foi alterado o estatuto.

 

Em 15 de abril de 1971, Dr. Antonio Santos Clemente Filho, que foi durante muitos anos Presidente da APAE de São Paulo e fundador do INSTITUTO APAE que funciona até os dias de hoje, entrou para o Conselho da Fundação.

 

Em reunião de 10 de fevereiro de 1972, foi registrada a preocupação da necessidade de se estudar a situação física do local em vista do atual planejamento urbanístico da cidade, provável passagem de metrô e estação do mesmo nas proximidades.

 

Em 6 de julho de1973, foi depositado o valor de Cr$4.654.128,46 pela indenização recebida do governo do estado, onde a atuação do Conselheiro Hélio Pelegrini foi de extrema importância. Foi solicitado ao Dr. Pascoal José Napoleão Isoldi que externasse sua opinião de qual seria a melhor aplicação, ocasião em que foi sugerido aplicar uma parte em Open Market, para se poder realizar retiradas em situações de emergência, e outra parte em prazo fixo, pois sua rentabilidade seria maior.

 

Em reunião de 20 de novembro de 1975, foi estabelecido o início dos estudos para transformar o internato em semi-internato para ampliação de sua capacidade.

 

O Conselho da Fundação, em vista da situação da época, achou por bem não mais dar atendimento direto e, em reunião de 24 de setembro de 1980, foi apresentada a proposta da APAE de São Paulo (6) de ajudar esta Fundação. Na ocasião foi exposto aos demais Conselheiros três propostas para o futuro da Fundação: 1) extinção da Fundação; b) realização de uma grande campanha para captação de recursos; c) realização de convênio em comodato com a APAE para um novo programa proposto pela referida entidade, prevendo a não utilização do patrimônio para manutenção dos serviços, ocasião em que foi composta uma comissão para estudar esta viabilidade com a APAE. Nesta reunião, foi acertado a rescisão para o ano seguinte do contrato com a FEBEM.

 

(6) Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais.

 

Em 18 de dezembro de 1980, ficou acertado o detalhe para o Convênio com a APAE, que inicialmente seria realizado por 50 anos, ficando estabelecido que a APAE ficaria em comodato para ter um educandário de excepcionais sob sua administração e responsabilidade, bem como arcaria com todos os encargos, sendo as reformas para esta instalação por conta da Fundação. Sendo assim, em 16 de fevereiro de 1981, foi firmado este convênio, porém por 15 anos com a possibilidade de ser renovado, fato ocorrido em 9 de dezembro de 1996.

 

Em 1985, entraram para o conselho da fundação: Rogério Pinto Coelho Amato, Nelson Santos Ortega, Duílio Baldassari, João Leondarides, Alda Moreira Estrauzulas, Seme Gabriel, Joaquim Burin. Em março de 1997, entraram Edna Tralli, Sergio Luis Mendonça Alves e Boris Baroni, e nesta data também foi aprovada adendo nos estatutos.

 

A Fundação obteve em 27 de maio de 1992, o título de Utilidade Pública Federal, através do Decreto nº 50.517 de 2 de maio de 1961, titulo este cassado em 1994 por motivo de que a Fundação não mais promovia atendimentos, fato ocorrido também com os Decretos Municipais e Estaduais.

 

Em 28 de março de 2000, a diretoria da APAE expôs a necessidade de rever os atendimentos face aos novos rumos para inclusão. Em 3 de julho de 2004, a APAE de São Paulo cancelou o contrato com a Fundação pela mudança de estratégia de atuação, visando e apoiando a inclusão da pessoa com deficiência intelectual e, para tanto, não teve mais necessidade da ocupação deste espaço.

 

Nesta época, o Vice-presidente da Fundação, Dr. João Leondarides, conseguiu junto à Diretoria da Fundação autorização para se empenharem junto ao Curador e Juiz para que a Fundação pudesse realizar o convênio com a “ADID- Associação Para o Desenvolvimento Integral do Down” por quinze anos, com Direito a renovação, já que esta associação funcionava em imóvel pequeno e alugado, cuja assinatura foi feita em 19 de novembro de 2004.

 

Ficou estabelecido no convênio que toda conservação da casa deveria ser feita pela ADID (7) e que novas construções só seriam realizadas após aprovação da Diretoria e Conselho da Fundação e aprovação da Curadora de Fundações. Também ficou estabelecido, que a Fundação teria o direito de rever e opinar sobre todos os programas oferecidos pela ADID, bem como de seus conteúdos.

 

No ano de 2007, a Fundação promoveu reforma de parte das instalações, sendo que nesta 1ª fase, além de reforma total do prédio principal, foi construído um auditório com capacidade para 60 pessoas que pudesse inclusive ser uma fonte de renda para a Associação que estivesse no local. Foi também construído um local para que funcionasse um bazar permanente, devendo em outra ocasião ser realizada a reforma dos anexos existentes.

 

Nesta mesma ocasião, a Fundação adquiriu computadores e móveis que também foram objetos de contrato de Comodato com a “Associação Para o Desenvolvimento Integral do Down”. Os computadores com o tempo ficaram obsoletos e foram devolvidos para a

 

(7) Associação para o Desenvolvimento Integral do Down.

 

 

Fundação que, com a aprovação do Curador de Fundações, doou parte para a ADID para

que ela pudesse reverter em fundos , foram doados também parte para Associação Carpediem e APAE de São Paulo.

 

Atualmente a Fundação conta com patrimônio, valores, e o prédio de sua propriedade na Avenida Vereador José Diniz.

 

Diretoria da Fundação para o biênio de Maio de 2015 a Maio de 2017:

Presidente: João Leondarides

Vice Presidente: Dr. Daniel Souza Campos Miziara

Diretor Secretário: Edna Vantini Tralli

1º Diretor Financeiro: Marco Antônio Fernandes David

2º Diretor Financeiro: Fernando da Silva Telles

 

Conselho:

 

Ady Costa Araújo Arthaud Berthet

Albino Pereira de Mattos

Amália Angelidis

Aracélia Lúcia Costa

Carlos Alberto Semin

Daniel Souza Campos Miziara

Danilo Al Makull

Edna Vantini Tralli

Eleuza Falluh

Fabio Ramazini Bechara

Fernando da Silva Telles

Hemógenes Troyano

João Leondarides

Marco Antonio Fernandes David

Maria Madalena Wu

Sebastião Antunes Ferreira

 

Nota Interessante: A vida da assistente social Délcia Ribeiro, de 34 anos, recentemente passou por uma marcante volta ao tempo de 25 anos. Ex-interna do abrigo que também manteve uma unidade da Fundação Estadual Bem-Estar do Menor (Febem), e hoje morando nos Estados Unidos, voltou ao Brasil para encontrar a mãe biológica. Um dos capítulos mais marcantes dessa redescoberta em sua história foi o retorno ao local onde passou três anos de sua vida até ser adotada por um casal de americanos. O lugar onde funcionava o abrigo de crianças e adolescentes Dona Paulina de Souza Queiroz é hoje o Centro de Esporte, Cultura e Lazer, administrado pela Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social-Seads. A visita possibilitou um reencontro com a atendente de telemarketing Cláudia Alves da Silva Cruz, também de 34 anos, que conviveu com Délcia entre 1981 e 1984. Délcia viveu ali dos 6 aos 9 anos, quando em 1984 foi adotada por um casal de americanos e levada aos Estados Unidos. As recordações de Délcia estão nos batentes das portas, nas caixas de esgoto perto de onde brincava do lado de fora das casas, nas varandas que ajudava a limpar quando recebia essa tarefa e, principalmente, na casa onde fica a Administração do Centro de Esporte. “Tenho certeza de que foi aqui onde conheci meus pais adotivos”, contou visivelmente emocionada. No momento em que entrou no corredor de uma das casas onde morou na infância, Délcia não conteve a emoção.  “Dormíamos nos quartos que ficavam por aqui”, disse apontando para um lado da casa. Hoje os imóveis que abrigavam as crianças e adolescentes são ocupados pelas Secretarias de Governo e organizações sociais que atuam no Centro, prestando serviços à comunidade do entorno. As duas ficaram contentes com as mudanças ocorridas no local.

Cláudia relembra o nome que era dado a cada uma das casas ocupadas pelas garotas. “Miosóti (Espaço 18), Jasmim (Espaço 17) e Rosa (Espaço 16) eram os lares das meninas. A separação era feita por idade, mas todas tinham nomes de flores”, afirmou Cláudia. Ela conta que explorava o máximo possível a área do abrigo, brincando até mesmo no meio da mata que atualmente compõe a reserva ambiental do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga – PEFI.

Juntas e andando pelo Centro de Esporte, Cláudia e Délcia recordaram as brincadeiras com pedras e vaga lumes, das comemorações de Páscoa, Natal e dos sustos que levavam no dia das Bruxas. Também lembraram das tarefas e travessuras que rendiam castigos. “Éramos como uma família”, afirmou Délcia. As duas se emocionam quando Cláudia conta que recebeu uma foto de Délcia no quarto em que dormia nos EUA. “Ficamos muito felizes quando vimos que você estava bem com uma família”, afirmou Cláudia.

Coincidência ou não, agora Délcia atua na área da Assistência Social e conta que sempre gostou de trabalhar com famílias, crianças e adolescentes. Ela passou seis meses no Brasil, e voltou aos EUA no final de novembro. “Retornar ao lugar onde você viveu, e encontrar os seus familiares, é como se redescobrir”, afirmou ao explicar o motivo da sua volta. “É muito importante que cada um conheça a sua história, busque a sua origem. Isso faz com que conheçamos mais de nós mesmos”, concluiu Délcia. Cláudia partilha da mesma opinião. As duas já trocaram telefones, e-mails e pretendem se ver novamente antes de Délcia sair do Brasil. “Acho que todos que voltam nesse espaço procuram alguma coisa. Eu tenho saudade, pois sempre me dei bem com os colegas e funcionários”, afirmou Cláudia.

Centro – Administrado pela Seads, o Centro de Esporte associa cultura, lazer, profissionalização, convivência, esporte e, principalmente, cidadania a pessoas de todas as idades. O espaço conta com ginásio coberto, duas quadras poliesportivas, piscina semi-olímpica, campo de futebol society, pista de esportes radicais, salas de ginástica e dança, enfermaria, sala de apoio e vestiários com sanitários. A parceria firmada entre Governo do Estado e iniciativa privada tornou o local um berço de projetos sociais, propiciando proteção e desenvolvimento às pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social.